Quem sou eu

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“Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..." (Clarice Lispector)

domingo, 19 de dezembro de 2010

Palco

    


     Estou extasiada. E cansada, muito cansada. Meu corpo inteiro dói e eu sonho com o momento de me jogar na cama. Mas, como disse, estou em êxtase total.
     Desde pequena, eu sei que meu lugar é no palco, e o que eu almejo é viver mais de cem vidas nesta vida. Meus desejos são muito maiores do que eu, e somente o que eu vivo, nunca me satisfará. Eu quero mais, bem mais, tão mais!... Quero ser muito de tudo. Quero viver mais do que a minha vida. Quero amar mais do que o meu amor. Quero mostrar toda a minha maldade, sem ter que magoar ninguém. Quero sentir o sabor das coisas e das pessoas. Quero cantar alto, dançar sem pudores e não medir as palavras. Quero todas as possibilidades que existem. E as que não existirem, eu quero inventar.
     Mentem aqueles que dizem ser o ator quem dá vida ao personagem. Na verdade, é o personagem quem traz vida ao ator. Na pele de Eleuzina e Ivone, me sinto mais presente do que em qualquer outro momento do dia. Vem delas a minha força, minha postura e minha ternura. Saio das cenas trêmula, por causa da intensidade dessas mulheres. E realizada, pela certeza de um trabalho bem feito. Sei que as entradas delas ainda não estão perfeitas, mas tenho consciência de que estou me doando ao máximo. Nada exige tanto de mim quanto elas, no momento. E nada me faz tão feliz, quanto estar em cena.
     O teatro me proporciona sensações que eu jamais sequer imaginei existirem. Quando paro para pensar, é difícil entender como consegui viver tanto tempo sem este sentimento de felicidade plena. Sinto-me completa, inteira e realizada. Este é apenas o começo da concretização de um sonho que havia sido postergado, e agora tomou completamente as rédeas da minha vida.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010



Sou um turbilhão de emoções,
Ideias,
Opiniões,
Sentimentos,
Sensações,
Gritos,
Silêncio,
Ausência,
Presenças,
Verdades,
Enganos,
Liberdade,
Censura,
Luz,
Agitos e calmarias
Só não sou, nem por um segundo,
Vazia de qualquer coisa

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Oração

Pai nosso, que estais no céu
Peço fé,
Para que eu consiga seguir sempre em frente.
Saúde,
Para que eu suporte os tão pesados fardos da vida.
Paz interior,
Para que eu tenha clareza no meu caminhar.
Proteção à minha família,
Para que nós permaneçamos unidos.
Luz,
Para que eu possa também iluminar a outras pessoas.
Segurança,
Para que eu não fraqueje na realização das minhas missões.
Força,
Para que eu não desista nos próximos obstáculos.
Paixão,
Para que eu tenha motivação na vida.
Humildade,
Para que eu possa reconhecer as minhas infinitas imperfeições.
E coragem,
Para que eu possa também superá-las.
Peço pureza,
Para que eu sempre sinta a verdade.
Sensibilidade e atitude,
Para que eu não me cale diante das injustiças.
Amor, para que eu consiga viver.
E não me deixeis cair em tentação, mas livrai-me de todo o mal.

Esta é uma oração que se restringe a pedidos.
Queria desculpar-me por isso, mas estaria apenas acrescentado mais um pedido à minha já grande lista. Por isso, limito-me a agradecer. Por tudo.

Obrigada, Pai, meu Pai do céu
Eu quase me esqueci
Que o seu amor zela por mim
Que seja feito assim.




   Este texto já foi escrito há bastante tempo, e estava guardado no meu pequeno acervo. Mas hoje me sinto na obrigação de homenagear Santa Luzia de alguma forma. Ela, que me ajudou tanto e segue sempre junto a mim. Obrigada, Nossa Senhora.
   Os descrentes que me perdoem, mas eu tenho muita fé. Em Deus, em mim e na vida.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Fim de Mim

Esfacelada pela tristeza,
Enrosco- me em torno de mim.
Fecho os olhos.
É difícil respirar.
Viver se torna um sacrifício.
A vida sempre foi um desafio,
Mas agora, é difícil respirar.
Meu corpo está inerte
Preso
Pausado
Trancado
Só o que se move são as palavras.
O pensamento não pára nunca.
Nunca
O fluxo das ideias é intenso e crescente.
Fico tonta
Confusa
Desnorteada
E então, surto.
Grito
Mas não encontro minha voz.
Choro
Mas as lágrimas não afloram.
Está mais difícil respirar.
Estou imóvel
Pesada
Calada
Fechada
Arruinada
Arrasada
Desgraçada
Despedaçada
Destruída
Fraca
Triste
...
Parei de pensar.
Me faltam as palavras.
Não consigo respirar.
De mim, não resta mais nada.