Quem sou eu

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“Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..." (Clarice Lispector)

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Sobrevivendo


E, de novo, me vem a vontade de chorar. Aquele velho e conhecido choro engasgado, preso, inibido. É preciso liberar as lágrimas enraizadas em minh’alma. É preciso libertar-me de toda a angústia. É preciso mais do que apenas sobreviver.
Deixo ir tudo o que se excede em mim. Deixo cair, sair, fugir. Mais do que deixar, praticamente rogo para que se vá, e logo, sem demora, sem drama, sem pausas. Permito-me transbordar e assim, expulsar os maus fluidos. A mágoa, a dor e a tristeza, que sigam seus caminhos sozinhos. Não serei mais acompanhante, nem moradia.
Voltarei a ser o que fui outrora. Sensível, amável... humana. De nada serve enfrentar o mundo, sem enfrentar a si próprio. O excesso de força anula a doçura. E endurecer é fácil. Sobreviver também é fácil. Difícil é ter humanidade e viver com verdade.




terça-feira, 9 de agosto de 2011

Flores e Espinhos




Quem vê de fora, pensa que a vida dela é perfeita. E de fato parece, mas não é. Ela sofre igual à todo mundo. Também fica triste, sente dores, perde amores e chora por carência.
Ela é aparentemente realizada, madura e até mesmo mimada. Só que não é bem assim. Na verdade, essa mulher tem menos amigos do que pensa, age ainda como uma menina e vive de escolhas erradas. Sua ingenuidade não é por falta de vivência, e sim por excesso de fé nas pessoas. Porque ela confia nos outros, deseja o bem de todos e acredita poder ajudar a todo mundo.
            Seu caminho é tortuoso,e  as flores que colheu eram cercadas por grossos espinhos. Se hoje possui alguns buquês, foram a custo de vários ferimentos. Mas valeram à pena, porque os cortes secaram rápido, enquanto as flores continuam perfumando e embelezando o seu jardim.
            Ela já foi traída, enganada, subjulgada e desrespeitada. Mas perdoou e seguiu em frente. Porque o coração dela é difícil até de imaginar. Imenso, acolhedor, impossível de limitar.
            Muita gente já a aconselhou ser mais atenta e cautelosa. Mas desconfiar significa endurecer. E ela prefere continuar a acreditar, desejar o bem e tentar ajudar.
            Essa mulher ainda será a maior flor do jardim de alguém. Sem dúvidas, arrancá-la de suas raízes irá machucar... Mas valerá à pena. Afinal, as mais belas e perfumadas flores são repletas de espinhos.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Hoje

       Quando a gente pensa que já passou, acabou e que nada mais pode nos atingir, descobrimos que as possibilidades são inúmeras. Descobrimos que as decepções são incontáveis e os motivos incalculáveis.
       Ao deduzirmos que já sentimos todos os tipos de emoções, a vida mostra que, mais uma vez, estávamos enganados. Talvez seja para nos testar. Talvez seja para nos dizer: “olha, você não sabe de nada”. Talvez seja para nos fazer amadurecer.
       Confesso que ando bastante desacreditada dessa última opção. Até mesmo porque, como poderei estar crescendo, se só o que sinto é vontade de parar onde estou? Cheguei naquelas bifurcações esquisitas. Aliás, essa é uma espécie de ‘trifurcação’.
       Estou estagnada. Em geral, um tipo de força me puxa para seguir algum dos lados. Mas agora, não. Só tem uma força, que me puxa pra baixo. O problema é que descer não é uma opção. Tampouco sentar, chorar e esperar.
       Como proceder? Não consigo saber... Não quero fazer. Prefiro ficar aqui, exatamente onde estou. Somente assim, meu coração se reconstruirá e poderei, enfim, voltar a caminhar.
       Amanhã, prometo desfilar o meu melhor sorriso. Vou recebê-lo com o meu mais animado bom- dia e presenteá-lo com o mais acolhedor dos abraços. Mas por hoje,você terá apenas as minhas lágrimas, a minha ausência ao sol e o meu olhar decepcionado. Resignada, triste, desmotivada estou.