Talvez o problema nem se chame
saudade, Seria mais cabível que atendesse por tristeza mesmo. Porque o pior não
é a sua ausência por si. O que me dói é a falta de esperança em te ter de novo.
Eu, que ao seu lado, senti-me diferentemente especial, agora sinto- me
comumente descartável... Minha sina são os clichês de corações partidos e amores
perdidos.
Na época, racionalizei, e pensei
não haver dificuldade em seguir distante de você. Pensei no nosso encontro
apenas como um capítulo em meio aos tantos da vida. E, de fato, foi bastante
fácil não lembrar você. Ao menos nos três primeiros dias. Mas este quarto dia
de abstinência sua... Tem me doído um tanto. O “só por hoje não pensarei em
você” não é mais eficaz.
Não me recordo de sua
fisionomia, tampouco da sua voz, gosto ou cheiro. Sério. Seu cheiro também não
me palpita mais. Acho que ele se foi naquele nosso último dia ao telefone. Deve
ter partido no momento em que você disse precisar de um tempo. Um tempo sem
mim. Um tempo sem nós.
Por ora, evito qualquer lugar
que seja particularidade sua. A vontade desesperada de te encontrar casualmente
como de outra vez, já não vigora. Tenho preferido evitar lugares a que você
vai, bem como aos que fomos.
Não cometa o erro de precipitar-se
em acreditar que permaneço a mesma. Engano seu. Minha mudança pode ser
acompanhada a olhos nus. Os milhares de carros pretos nas ruas, já não captam
minha atenção. Parei de criar motivos diversos e inócuos para cruzar sua casa.
Não analiso mais as antigas trocas de carinhos na tentativa de perceber quando
nos perdemos.
Hoje bateu saudade. Sabe, a
falta de você enfim me incomoda. Cheguei a pensar que não passaria por isso
desta vez. Enganei-me. Você foi, deixando-me do lado avesso e eu ainda não
descobri como restabelecer-me por minha conta.