Quem sou eu

Minha foto
“Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..." (Clarice Lispector)

domingo, 25 de março de 2012

Sem título

O lema positivista que inspirou a inscrição – “o amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim” – terminou resumido na expressão “ordem e progresso”.





Pessoas mortas,
Ideologias vivas!
Pensando em mudar o mundo 
Num segundo,
O amor órfão
procurou nas ruas sujas
Um poeta pra lhe abrigar.

Em verdade, 
Já era tarde,
e o poeta pediu tempo
Para lutar.

Entre ideias,intenções, corrrupções
a palavra cedeu seu lugar.
Ordem, progresso,
sem amor!
já não era necessário pregar.

No branco da bandeira,
O espaço era curto,
O amor não pode entrar. "


Mariah de Oliveira

sábado, 24 de março de 2012

Dor Alheia

       Existe dor pior do que assistir a quem se ama se doer? Pior que isso. Saber que pode até acalentar, mas não curar. Ver aquela pessoa querida se culpar pelo tanto que não teve culpa. E se castigar por todos os acertos que julgou errados. 
      Gente tem mania disso. De procurar culpados, como se tudo fosse reflexo de um crime. De se castigar, como se merecesse sofrer por não ter sabido escolher. E de se recolher, como se a vida fosse passível de repetição.
      Aprenda. As coisas não serão melhores só porque você assumiu a responsabilidade por elas. Privar-se de viver aquilo que mais deseja, não consertará os erros que cometeu anteriormente. E fazer-se infeliz não te tornará merecedor da tal felicidade sublime... Significa apenas um auto- flagelo desnecessário.




O Último Adeus

" Dizer adeus é uma das piores coisas do mundo. Mas existem momentos em que, embora não se queira dar adeus, não se tem escolha.



     Muitas vezes, a gente aposta tanto numa viagem, tira o passaporte, recebe o visto, faz tantos planos… Prepara as malas, separa as roupas, os sapatos… Separa a máquina fotográfica, se arruma, passa perfume, dá o melhor de si. Tudo por acreditar que a viagem será a melhor da sua vida, afinal, você esperou tanto por isso. Principalmente por estar ao lado de alguém que tenha os mesmo objetivos. Então, eis que chega o dia da viagem. 
Embarcamos os dois no barco, que deixou a costa numa tarde de primavera, onde, o pôr-do-sol mostrou-se como a maior maravilha da Terra. E fomos viajando, juntos, pelo oceano. Vezes tiveram em que surgiram nuvens negras no céu. Em outras, era o mar quem esteve revolto. Mas quando a tempestade realmente chegou, você não quis mais navegar comigo. Não aguentou a fúria das ondas e abandonou o navio. Lançou-se ao mar e deixou-me sozinha, afundando. E por mais que eu tentasse retirar toda a água que estava a engolir nosso barco, não era suficiente. Foi quando vi que além de me deixar sozinha, você ainda deixou toda a carga das lembranças e da saudade a bordo, o que estava ajudando, cada vez mais, a ir pro fundo. Pude ver, ao horizonte, que você salvara-se, ao alcançar um outro barco que estava passando. Só me restaram então duas opções: permanecer e afundar, ou, pular e tentar me salvar. Será o que farei: pularei ao mar, embora com toda a dor mas com esperança de chegar na costa. E mesmo que doa me despedir, é preciso fazê-lo. Adeus ao barco, aos planos, à viagem. Adeus ao que isso representava. Que a sua salvação tenha sido o melhor pra você, e que em seu novo barco, você tenha motivos para ficar. Que você encontre o que tanto procura. Quanto a mim, nunca mais nomearei marinheiro a quem não quiser navegar. "








Letícia Barros