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“Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..." (Clarice Lispector)

sábado, 24 de dezembro de 2011

Ver, Fazer, Viver



É disso que eu gosto.
O sorriso aparecer
A música transcender
E a arte florescer.
É isso que sei fazer
É isso que amo ver
É isso que me arrepia viver.

A arte que distrai,
Provoca o sorriso
E esvazia os pensamentos
É a mesma arte que inunda a mente,
Toca o coração
E eleva a alma.
É isso que sei fazer
É isso que amo ver
É isso que me arrepia viver.

A arte que chega aos ouvidos
A arte que atinge os olhos
A arte que escorre na pele
A arte que sai de dentro
A arte que vem de fora
 A arte que representa a vida
A arte que jorra vida
É a mesma arte que me faz viver.
É isso que sei fazer.

domingo, 18 de dezembro de 2011



Ela vivia de amores, paixões, dores e tesões. Foi assim desde sempre, desde que se conhece por gente. Sofreu, se magoou, se precipitou, se enganou... E enrijeceu. Mesmo ainda adocicada, ela desistiu de montar seu próprio conto de fadas.
Isso porque o tempo passou, e ela cresceu. Poderia dizer que também amadureceu, mas não foi exatamente assim. Seu coração, antes pertencente ao mundo, agora é só dela. Está muito bem guardado e protegido, para que não seja mais displicentemente tomado e depois abandonado.
Ela está mais desacreditada na vida, e talvez, nela mesma. Seus sonhos, que antes soavam como projeção do futuro, agora não passam de claras utopias... Pensa que sonhar tira o foco da realidade, ao invés de alimentar a vida e a alma.
No que resultou tamanha passionalidade vivida? Em decepções, lágrimas e olhos inchados. Mas ela não está mais disposta a se permitir sair do chão. Mantém seus pés firmes, cravados como raízes, em terras conhecidamente férteis.
Ela tornou-se egoísta e possessiva. Seus sentimentos são somente dela. Suas dores e amores são sofridos no silêncio de uma alma já emudecida. Emudecida. Endurecida. Entristecida.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Cigana

      Um arrepio na alma agora encolhida, antes cheia de vida. Um frio congelante no coração, antes tão aquecido. Lágrimas nos olhos, antes brilhantes e expressivos. Foi assim que você me deixou. Foi isso que você nos deixou.
      O seu repouso, que soava como paz, agora nos chega em forma de dor. A ausência do som das batidas de seu coração martela como um estrondo em nossas memórias. Sua gargalhada, para sempre calada, faz um eco ensurdecedor.
      Adentrar a casa de vidro nunca mais terá o mesmo efeito em mim. Será estranho olhar pela janela e não ver-te na varanda, sentar- me à mesa sem procurar pela forjada cigana, tecer comentários irônicos, sem seus olhos ansiosos alertando. Tudo será triste, tudo parecerá estranho.
      A vizinhança estará mais desanimada. E até o sol deixará de brilhar com tamanha força. A beleza de seu poente virá acompanhada de uma tristeza silenciada. Não faremos comentários a seu respeito, não falaremos sobre você, nem sobre a falta que você faz. Mas as coisas não ditas marejarão incontáveis pares de olhos maduros, e instigarão os infantis, à beira mar... Enquanto tentam reencontrar a poesia evaporada daquele lugar.
     Sua partida se fará muito mais presente do que as recentes chegadas. Estas pessoas, comentaremos em silêncio, jamais saberão quão incrível fora viver ali outrora. Vieram desavisadas, inconscientes de que a alegria daqui se dissipara.
     Não te traremos de volta. Não te teremos de novo. Você partiu, deixando muito de si conosco, e levando muito de nós consigo. Cuide bem de nossos sorrisos esquecidos. Fique bem. Esteja bem. Nos tenha bem.