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“Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..." (Clarice Lispector)

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Insistir em Sentir



Eis que o fim chegou.
O palpitar cessou, a angústia e a inquietação também.
Já não há peso nas costas, nem lágrimas nos olhos
Tudo está sereno.
Ela aprecia a turbulência em vida e sempre havia buscado por enredos bem delineados
Mas agora acabou.
É chegado o momento do cansaço, das frustrações
E do cansaço das frustrações.
É chegado o momento de parar
Tem uma hora em que é natural desistir de atravessar a onda, e preferir seguir o balanço do mar.
Deixar-se levar é um modo de viver
Talvez não tão excitante... Talvez não tão bem vivenciado.
Mas não dá para gastar energia sempre. Esgota-se.
Sentir demais cansa.
Insistir demais também cansa.
E insistir em sentir é tolice. 

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Auto-traição

Eu fiquei aqui assim desta vez. Bem, poderia dizer “mais uma vez”, ou até mesmo “como sempre”. Sabe, estou me acostumando a essa sensação de despencar alturas cada vez que te vejo.
Já me apaixonei outras várias vezes, mas como de praxe, agora é diferente. Nem sei se isso é de fato paixão... Na verdade, acho que em quase nada se assemelha. Mas como definir o que se sente por alguém que faz suas pernas bambearem, os olhos vidrarem e a voz emudecer? Nunca havia passado por isso, não sei reconhecer.
E, acredito que a novidade seja justamente meu ponto fraco. Ou talvez seja apenas você, alvo incessante do meu querer. Tem sido difícil lidar com isso. Não tenho estrutura emocional nem psicológica para manter-me equilibrada com os abalos que provoca em mim.
Saio na rua procurando te encontrar. E, quando encontro, preciso me controlar para não desabar. Te vejo, te desejo (muito) e sei que você está consciente de mim. Meu corpo inteiro pulsa desesperado por uma aproximação, mas há uma tensão constante no ar... Tenho a impressão de que, se um desavisado passar entre nós, colidirá com o sólido muro que nossa tensão sexual costuma levantar.
Ficamos assim por horas, eu, você e nossa barreira invisível. Por vezes, quando nossos olhos se encontram, há uma enxurrada dilacerante de coisas a serem ditas, beijos a serem roubados, carícias a serem trocadas... Até que eu lembre ou seja lembrada, da presença dela, que em nada compactua com nosso segredo, nem nosso desejo reprimido e escondido a sete chaves.
A presença dela me desconcerta ainda mais do que a sua. Fico atordoada, confusa, encurralada. Passo a ser observada a cada gesto, a cada olhar, a cada comentário. Mas essa análise meticulosa não é feita por ela, e sim por mim. Sinto que me torno aos poucos aquele tipo de pessoa que costumava desprezar. Se você não fosse você, eu te teria antipatia. E se tudo isso não fosse por você, eu me detestaria.