Quem sou eu

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“Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..." (Clarice Lispector)

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Outono



O tempo passou rapidamente, eu percebi. Notei nas folhas caídas ao chão, no vento gelado e em meu próprio interior que as coisas haviam mudado. A ferida que ainda pouco sangrava, agora parece cicatrizada. Sendo sincera comigo mesma, admito que ainda dói. Pouco, mas ainda dói. A consciência da sua existência continua a me machucar. Bem menos, é verdade, mas ainda machuca.
Ontem, por exemplo, eu fui ao seu mundo. Dei uma passada rápida, sem pretensão alguma de te encontrar, Mas de nada adiantou, pois te vi em todo lugar. A cada esquina que virava, em cada carro que passava, em cada bar que avistava, lá você estava.
O passeio previamente planejado para diversão, tornou-se motivo de grande perturbação. Quando o que eu mais queria era te esquecer, tudo me fazia lembrar você. Mas reconheço que, de certa forma, procurei por isso. Afinal, vir ao seu mundo e desejar sair ilesa, é sinônimo de estupidez ou insanidade. E estúpida, insana e perturbada, estou. Eu disse estou, e não sou. Esta é apenas uma fase, um momento transitório, passageiro, e espero que seja ligeiro.
Abstraí você, há algum tempo, do meu mundo. Mas é bastante complicado. Porque vários itens deste meu mundo, fizeram parte daquilo que um dia chamei de nosso mundo. Erroneamente, eu sei. Nada do que vivemos foi de fato algo em comum. Vivemos o meu amor, a minha paixão, o meu desejo. E agora, eu vivo sozinha a minha dor.
Pois é, o tempo passou. Rápida e despercebida, a estação mudou. O outono chegou, escondendo o sol, baixando a temperatura e regando de chuva as ruas. Eu aprecio esse tempo ameno, a paisagem serena... Do verão, não sinto falta de quase nada, só de mim e de você, em nosso mundo fantasioso.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Preciosidades



Curioso como algumas pessoas marcam nossas vidas, mesmo em pouco tempo. Deve ser uma espécie de talento, acredito. Amar e se fazer amado é tão difícil, tão raro. Exceto para essas pessoas de alma clara e coração acolhedor.
Tenho muitos amigos. Alguns precisaram me conquistar, outros coube a mim tentar. Mas cada um deles é interessante, tem um quê de apaixonante. E o que me cativa, é sempre alguma característica que faltava à minha vida, ainda que eu não percebesse. Todos os tesouros que carrego comigo, são pessoas que trazem dentro de si algo que não tenho, ou que perdi.
Uma das minhas pérolas mais caras me alegra como ninguém, e vive repetindo que eu a divirto. Será que ela não vê a leveza de espírito que tem ou o que nos faz chorar de rir não é a graça da outra, mas sim a graça de estarmos reunidas? O meu maior diamante é de transparência que impressiona, e de beleza que cega. É encantador, puro e inquebrável. Curioso como uma pedra tão dura pode receber com tamanha delicadeza e receptividade a quem procura seu colo.
Tenho também esmeraldas, safiras, jades, opalas, rubis, topázios, turmalinas, alexandrites e benitoítes no meu acervo de preciosidades. Umas brilham de ofuscar, enquanto outras são tão opacas quanto valiosas.
Zelo é pouco. Eu tenho verdadeira admiração e encantamento pelos meus tesouros. Carrego-os comigo aonde vou. E não tente roubar um só que seja. De princesa, transformo-me em dragão para protegê-los. Cuspo fogo até incendiar, se alguém me furtar ou os danificar.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Sentir




Queria falar sobre as flores, o sol e o calor
Sobre beleza, perfumes e sorrisos.
Mas hoje, em mim, só chove
Tudo é cinza e escuro.
Meu céu está encoberto por densas nuvens
E a canção do dia é embalada por trovoadas.
Está frio, estou fria.

Por qual razão? Não sei bem.
Não há motivo para tudo.
Aliás, são poucas as coisas justificáveis.
Sentimentos e percepções não são compreensíveis.
Existem para serem curtidos ou sofridos,
Mas jamais entendidos.

E eu sinto
Sinto tanto, que tonta fico.
Sinto doer, arder, tremer.
Sinto queimar, cortar, quebrar.
Sinto paralisar, sufocar, transbordar
O tanto de amor que tenho a dar.