O tempo passou rapidamente, eu percebi. Notei nas folhas caídas ao chão, no vento gelado e em meu próprio interior que as coisas haviam mudado. A ferida que ainda pouco sangrava, agora parece cicatrizada. Sendo sincera comigo mesma, admito que ainda dói. Pouco, mas ainda dói. A consciência da sua existência continua a me machucar. Bem menos, é verdade, mas ainda machuca.
Ontem, por exemplo, eu fui ao seu mundo. Dei uma passada rápida, sem pretensão alguma de te encontrar, Mas de nada adiantou, pois te vi em todo lugar. A cada esquina que virava, em cada carro que passava, em cada bar que avistava, lá você estava.
O passeio previamente planejado para diversão, tornou-se motivo de grande perturbação. Quando o que eu mais queria era te esquecer, tudo me fazia lembrar você. Mas reconheço que, de certa forma, procurei por isso. Afinal, vir ao seu mundo e desejar sair ilesa, é sinônimo de estupidez ou insanidade. E estúpida, insana e perturbada, estou. Eu disse estou, e não sou. Esta é apenas uma fase, um momento transitório, passageiro, e espero que seja ligeiro.
Abstraí você, há algum tempo, do meu mundo. Mas é bastante complicado. Porque vários itens deste meu mundo, fizeram parte daquilo que um dia chamei de nosso mundo. Erroneamente, eu sei. Nada do que vivemos foi de fato algo em comum. Vivemos o meu amor, a minha paixão, o meu desejo. E agora, eu vivo sozinha a minha dor.
Pois é, o tempo passou. Rápida e despercebida, a estação mudou. O outono chegou, escondendo o sol, baixando a temperatura e regando de chuva as ruas. Eu aprecio esse tempo ameno, a paisagem serena... Do verão, não sinto falta de quase nada, só de mim e de você, em nosso mundo fantasioso.