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“Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..." (Clarice Lispector)

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Diferentemente igual

Ontem, diferentemente de como havia sido sempre, ele disse não a ela. Uma negativa acusada ao invés de dita. Uma acusação feita através de um olhar que não via, não enxergava, apenas repelia.
Em contrapartida, ela sentiu-se doer por inteiro. Não por causa do afastamento dele, entenda, mas por si própria. Ela não o queria para a vida, nunca quis. Mas ele não a queria naquele momento. Por quê? O que havia de errado? Por que serem apenas ele e ela separadamente? Se ambos estavam ali, por que não tornarem-se eles?
Ela passara por isso outras vezes, mas é diferente. Sempre é. Claro, cada história é uma história e aquele outro homem não era este. Este é jovem, tranquilo e despreocupado. Ainda não carrega o peso da idade e da vida que o outro mantinha sobre seus ombros curtos.
A relação também não era a mesma. Com aquele, sentia-se esquecida no canto do quarto. Agora, sente-se no alto de uma estante, guardada até com certo cuidado. Mas ela não quer isso. Nunca quis. Deseja ser o brinquedo preferido, o que fica sempre ao alcance, em cima da cama, ao lado do travesseiro.
Então, ela tomou uma decisão. Chega. Cansou. Se ela não serve para ele sempre, é porque primeiro, ele não serve para ela. Já mudou de rumo tantas vezes, não será difícil agora. Ela está triste, como era de se esperar. Mas somente por ter se enganado de novo.
Na verdade, quem de fato enganou-se, foi ele. Pensava estar guardando, quando estava afastando. Pensava estar seduzindo, quando estava repelindo. Pensava ainda tê-la, quando já a havia perdido.



terça-feira, 6 de setembro de 2011

Eco Seu





Dentro de todo o silêncio de hoje, o que me acalenta de fato é o som das batidas de seu coração. A cada bombear, sinto um sopro de vida. Nova vida. Sua vida. Minha vida. Uma nova inspiração.
Ruído por ruído não serve. Não pode corroer, deve alimentar, fazer crescer, desenvolver. Barulho não contenta, é desedificante. Oca como estou, torno-me eco do exterior. Ressôo baixa, fraca e lenta a sua pulsação.
Sua sonoridade me invade numa corrente envolvente de luz, calor e poesia. Estou poeticamente iluminada e aquecida por palavras. Palavras que brotam do meu vazio ao ecoar você. O que vejo, como vejo... O que sinto de você, por você.