Quem sou eu

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“Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..." (Clarice Lispector)

quarta-feira, 30 de março de 2011

Estradas e Ramificações

Ao longo dos anos, nós semeamos, colhemos, fazemos escolhas e tomamos decisões. Muitas vezes erramos, é claro, ninguém vive de acertos. Aliás, é justamente o contrário. Vive-se dos erros que se pretendem acertados. Sinalizamos, decidimos e, somente então, trilhamos nossos diversos caminhos.
Às vezes, seguimos rumo a um ‘beco sem saída’, a um labirinto, ou mesmo a um círculo. E, nesses momentos, precisamos parar, perceber onde estamos, lembrar de onde desejávamos chegar e, por fim (ou por recomeço), voltar ao ponto de partida. Reiniciar a caminhada sempre perece uma decisão drástica e costuma ser uma atitude bastante recriminada pelos sensatos. Sensatos, acomodados, covardes... Para mim, têm o mesmo significado.
Retomar o caminho faz-se necessário. Afinal, que mérito há em andar em círculos ou continuar sem saber ao certo aonde se vai? É preciso traçar objetivos sempre, e perseguí-los com determinação. Viver não é fácil. Vida não vem com manual de instruções, nem mapa. É preciso testar, arriscar, consertar, mudar, voltar todo o tempo. Sim, é difícil e por vezes, frustrante, mas vale a pena. O destino tem que valer a pena.
Por isso, escolha com clareza, cuidado e paixão o seu pódio de chegada. Ele fará valer todos os percalços vividos até aquele momento. Quanto mais pretensioso o objetivo, mais sinuoso o caminho. Mas a vida não se resume à estrada perigosa da serra, porque a felicidade despertará quando você chegar à casa do cume, aquela que sempre fora almejada, e somente você alcançou.
Eu, particularmente, sou uma grande admiradora dos que não têm medo de recomeçar. E tento me reinventar a cada dia, pois ninguém suporta uma estrada reta, sem ramificações ou subidas e descidas. Estou focada nas milhares de possibilidades de caminhos, agora. Se minhas escolhas forem erradas, voltarei e retomarei a caminhada, como sempre faço... Como espero sempre fazer.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Menina madura



Quando pequena, ela desejava desesperadamente crescer. Afinal, ser mulher parecia muito mais interessante do que ser menina. Poder usar todas aquelas maquiagens milagrosas, saltos que a fariam parecer poderosa, vestidos curtos, pintar os cabelos, fazer as unhas... Ah, ela mal podia esperar!
Sonhava em ter o mundo nas mãos. E ninguém duvidava de que ela o teria. Sempre fora diferente dos seus amiguinhos, não brincava, não ria de besteiras, não se enquadrava. Era madura demais, séria demais, responsável demais... Criança de menos.
Todos insistiam em repetir a velha história de que devia aproveitar ao máximo a infância, porque esta é a melhor fase da vida. Mas a menina considerava isso uma grande besteira. Não via graça no faz-de-conta infantil. Queria mesmo era a realidade. Para que viver imaginando, quando se pode viver o imaginado? Ela não via a hora de ser a dona de seu próprio nariz.
Os anos foram passando, e a garota, que nunca fora criança, cresceu. Começou a despontar como mulher, e a abusar dos artifícios aos quais adquiriu direito. Achou que a partir daquele momento descobriria o que é ser feliz, pois esperara por isso toda a vida. Mas, descobriu então, que sua maturidade era infantil, e que havia crescido apenas fisicamente.
Decepcionada, percebeu que ser adulto é muito mais difícil do que pensava. Sofreu com dores, amores e dores de amores, porque os saltos não a tornavam maior do que ninguém e a maquiagem apenas embelezava, mas não protegia de nada.
A mulher, que agora desejava ser menina, foi ferida e traída. Sempre por quem ela menos esperava. Foi castigada arduamente pelo que havia feito, jamais pensara que desperdiçar a infância lhe custaria tão caro. O olhar de ansiedade, que substituía o de garota, agora estava fora de cena. A expectativa transformara-se em amargura, e seus olhos, que nunca transpareceram ternura, agora transbordavam as lágrimas vindas do coração.
A brincadeira acabou. Que brincadeira? Ela nunca brincou. Mas prometeu a si mesma que vai tentar: brincar de fazer os outros felizes, brincar de acreditar nas pessoas e rir de bobagens, brincar de amar e ser amada. Vai brincar de viver a vida mais feliz que pode ser vivida, e ensinar isso aos seus filhos, um dia.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Por quê?

Por que a gente nunca está satisfeito com o que tem,
Quer sempre mais, precisa ir além?
Por que a gente não vê graça no que deveria
E põe a culpa no humor, na TPM, no dia?
Por que a gente escolhe os caminhos errados
E depois não pode refazer os passos?
Por que a gente almeja tanto amar,
E, quando ama, implora por desamar?
Por que a gente tenta dizer o sente,
Se nem sabe, não entende?
Por que a gente fecha os olhos para imaginar,
Se ao abri-los, não pode realizar?
Por que a gente tanto corre atrás
De quem não nos quer mais?
Por que a cabeça gira e o coração dispara,
Se dentro deles não deveria haver nada?
Por que a gente é assim,
De incompreensão que não tem fim?


quarta-feira, 23 de março de 2011

A coisa certa

Hoje eu fiz a coisa certa. Tenho certeza disso. Fiz o que deveria ser feito. Realizei o que nem eu mesma acreditava que conseguiria. Parabéns para mim! Foi o meu primeiro ponto neste jogo. Primeiro e último, provavelmente. Pois, na tela, apareceu “game over” agora. Droga. Será que hoje eu fiz a coisa certa?
            Tudo bem, estou fazendo tudo parecer maior do que de fato foi. Mas faço isso porque não sei ser de maneira diferente. Sou assim, exagerada, intensa mesmo. Sou tão clara e transparente quanto alguém pode ser. Pareço dramática, eu sei. Mas dentro do meu drama, tudo o que eu digo sentir é real.
            Acho isso uma tremenda injustiça. Essa coisa de algumas pessoas sentirem tão profundamente, enquanto outras apenas superficialmente. Muito injusto. Mas, se no amor, não existem regras, existiria justiça? É claro que não. Caso existisse, eu não estaria assim, triste.
            A vida inteira eu acreditei que tomar a decisão correta nem sempre seria fácil, mas nos daria paz de espírito posteriormente. Hoje, aprendi que isso não passa de uma grande bobagem. Porque a nossa tranquilidade interior está relacionada ao que o coração diz irracionalmente, e não ao que a cabeça afirma conscientemente. Tudo errado. Na teoria, eu fiz a coisa certa, mas não estou certa disso.


quinta-feira, 17 de março de 2011

Casa Abandonada




Chega,
Já pode parar.
Não adianta bater na porta
Nem a campainha tocar.
Porque hoje, a casa está vazia,
As janelas estão trancadas
E todas as luzes apagadas.

Caso você duvide,
Pode até tentar entrar
Force a fechadura,
Ou empurre a janela até quebrar
E você vai constatar o que te digo,
Não estou lá.

Eu fui passear um longo passeio
Num lugar tão distante,
Que nem eu mesma posso me achar.

Não me espere em casa,
Pois eu posso não voltar.
Deixe apenas um recado,
Prometo que responderei docemente
Quando eu chegar, se eu chegar
Dessa minha viagem sem precedentes.

E, se perguntarem por mim,
Qualquer dia, em algum lugar,
Diga que estou por aí,
Procurando me encontrar.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Borboletas

Você já parou para observar as borboletas? Já reparou no quão incríveis, lindas e encantadoras elas são? Pois eu sim. E não canso de me maravilhar, admirar, nem de elogiar. Olhe com atenção, muitas delas parecem flores radiantemente coloridas e flutuantes. Flores com poucas pétalas, sutis e hipnotizantes.
Toda borboleta tem o poder de nos abstrair do mundo, para que possamos apenas apreciá-las. E ninguém passa ileso por elas, pois sua beleza é contagiante. São tão pequenas e delicadas, que temos medo de tocá-las. Por outro lado, nos dá vontade de guardá-las eternamente numa caixinha. Para que possamos olhar suas asas pinceladas das mais belas cores, e assim, colorir os nossos muitos dias cinzas.
Sabe o que mais me impressiona nesses seres incontestavelmente perfeitos? O fato de não terem sido sempre assim. Elas vieram ao mundo feias, rastejantes e detestáveis. Sem dúvida, foram tratadas com indiferença e hostilidade. Mas superaram isso. Entraram no seu casulo e esperaram pacientemente o momento de voltar à vida. Então, reapareceram. Leves, coloridas e irreconhecíveis.
Se me perguntassem hoje, o que eu gostaria de ser quando crescer, eu nem titubearia. Não pensaria em ser atriz, professora, advogada, cantora, veterinária, jornalista ou escritora. Eu responderia: quero ser uma borboleta, obra viva da mais pura poesia.



terça-feira, 15 de março de 2011

Silenciosamente Silencioso





Não sei apreciar o silêncio
Sinto-me insegura, inquieta, incomodada
Tenho uma forte sensação de solidão e vulnerabilidade
Sua presença mais parece uma ausência
Sinto falta sei lá do quê, sei lá de quem,
Sei lá por quê.

E os meus ouvidos zunem, clamando por sons
Sons, não barulhos.
Som de chuva, de passos, de vozes, de risos, de choro,
De vento, de mar...
De vida.
Qualquer coisa que tenha algum ritmo, harmonia ou melodia.

O silêncio total me sufoca
Tanto quanto o barulho me nauseia,
Mas o meu som preferido vem das músicas.
Pois este sim, me acalma,
Me acolhe a alma,
Me ajuda a viver.

sábado, 12 de março de 2011

Carnaval Particular




E então, quando finalmente podemos dizer que é carnaval, ele já chegou ao final. Depois de um ano ansiando por este feriado, que é o rei de todos os outros, ele passou tão rapidamente quanto poderia. É... A minha época de brincar, dançar, rever os amigos e curtir, foi-se embora. Meu momento de fantasiar a vida e dar férias à realidade, surgiu embalando minh’alma com a energia e a música que por vezes me faltam. Chegou e, antes que eu pudesse perceber, passou.
Agora, o ano de fato começa neste país, que é movido à batucada de samba. É hora de desligar o som, substituir a máscara pelo semblante de gente responsável e fantasiar-se de trabalhador. Música, festa e alegria, só no ano que vem. Temos longos dias à frente. Dias esses que, em geral, não serão vividos, mas simplesmente transcorridos. E espero que corram muito ligeiro, pois já estou ansiosa para a próxima época festiva.
          Gosto desse feriado, porque é quando todas as outras pessoas transbordam energia positiva. De fato, acho que nem seria preciso definir uma época para isso. Pois aqui, dentro de mim, é carnaval todos os dias. E curto sempre da mesma maneira, com direito a confetes, serpentinas, animação e muita fantasia! Só não carrego comigo as máscaras, que recolho de quem vai deixando pelo meu caminho. Guardo todas bem lá, no fundo do armário. E torço para que, se escondê-las bem, eu esqueça que elas já esconderam a face de alguém

quarta-feira, 9 de março de 2011

Ponto Final

          




           Desta vez, acabou. E para ela dizer que o fim chegou, mesmo antes de sequer ter começado, é porque não tem mais jeito. Ela deve estar realmente magoada. Não triste, entenda, apenas magoada. Essas paixonites chegam, giram a cabeça, e quando o juízo é restabelecido, instala-se a mágoa.
Não se preocupe, ela está bem. Fique tranqüilo, pois ela não está sofrendo por você, nem por mais ninguém. Se sofre agora, faz isso por si mesma. Porque enfim, ela descobriu que não te merece. Seu coração está devastado pela conclusão a que chegou, mas ela reconhece não te merecer.
            Você é um homem de grandes qualidades, e pode fazer muitas mulheres felizes. Mas não a ela. Porque essa mulher não é como as outras. Ela é diferente. Ela é especial. Ela merece mais. E ela acabou de se dar conta disso.
            Agora ela também entende que não precisa procurar por alguém, pois já está sendo procurada. Tem apenas que esperar a pessoa ideal bater à sua porta. Claro que nada é tão fácil quanto parece, ela terá ainda que conhecer alguns errados, antes de se deparar com o certo. Mas isso não será problema, nem empecilho.
            Quanto à você, eu sinto muito. Não sinta-se mal, tenho certeza de que você encontrará uma pessoa bem legal.  Porque você também merece muito, apesar de não alguém como ela. Então, continue a buscar, entre as mulheres comuns, aquela que vai te amar.

terça-feira, 8 de março de 2011

Mulher

Ela pode não ser linda, sensual, charmosa 
Nem poderosa, destemida, bem-sucedida ou audaciosa
Mas com certeza, tem alguma característica que te encanta.
Algo nela te cega, te impressiona
Porque é assim que ela funciona.
Ela conhece muito bem as suas armas
E faz um excelente uso das mesmas.
Ela tem a delicadeza das borboletas e a força das águias,
A esperteza das raposas,
A fidelidade dos cães,
A imponência das panteras, 
E é protetora como as leoas.
Nela reúne-se tudo que há de melhor na natureza, 
É a obra-prima divina,
E desperta admiração por sua beleza.
Dizem que ela é do sexo frágil
Bem, isso depende do que entende-se por fragilidade
Eu chamaria de sexo forte,
Mas com o acréscimo da sensibilidade.











http://www.youtube.com/watch?v=5BWzspmmYFc

Pagu
(Rita Lee)

"Mexo, remexo na inquisição
Só quem já morreu na fogueira
Sabe o que é ser carvão
Hi! Hi!...

Eu sou pau prá toda obra
Deus dá asas à minha cobra
Hum! Hum!
Minha força não é bruta
Não sou freira
Nem sou puta...

Porque nem!
Toda feiticeira é corcunda
Nem!
Toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho
Que muito homem
Nem!
Toda feiticeira é corcunda
Nem!
Toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Eu sou mais macho
Que muito homem...

Ratatá! Ratatá! Ratatá!
Parapá! Parapá!
Hum! Hum!...

Sou rainha do meu tanque
Sou Pagu indignada no palanque
Hi! Hi!
Fama de porra louca
Tudo bem!
Minha mãe
É Maria Ninguém
Hi! Hi! Eh! Eh!...

Não sou atriz
Modelo, dançarina
Meu buraco é mais em cima
Porque nem!
Toda feiticeira é corcunda
Nem!
Toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Eu sou mais macho
Que muito homem...

Nem!
Toda feiticeira é corcunda
Nem!
Toda brasileira é bunda
Meu peito não é de silicone
Sou mais macho
Que muito homem...

Ratatá! Ratatatá
Hiii! Ratatá
Parapá! Parapá!..."

...


Juro que tento, mas te entender parece uma tarefa impossível. Apesar de todo o esforço, meu progresso é cada vez menor. Você mesmo se assume confuso, complicado, contraditório. Mas, ao invés de usar a consciência em seu favor, bate no peito e diz: “Sou assim e ponto final”! Que pena... Quanta imaturidade.
             Aceitar os próprios defeitos não é sinônimo de orgulhar-se deles. Esse tipo de pensamento é proveniente de pessoas pequenas, de quem desconhece a força que tem e por isso não acredita poder mudar.  Ou, no mínimo, de gente covarde que, por medo de encarar o mundo, não encara nem a si mesmo.
            Você tem investido muito em sua fachada, eu percebi. Mas mudar o estilo de roupas e emagrecer não vai ajudar a iluminar a sua escuridão interior. Raiva, mágoa e ressentimento não são elimináveis como quilos excedentes. Será preciso muito além disso. E você terá que se esforçar mais, bem mais.
           A cabeça, o coração e a alma só funcionam juntos, por isso, é preciso harmonia. Você é descompassado de dar dó. Não tem ritmo, sintonia, nem melodia. Então, preocupe-se em fortalecer as suas asas, não em cortar as minhas.




terça-feira, 1 de março de 2011

Surto



E se eu surtar e me desesperar,
Quem vai me parar?
E se eu resolver correr,
Quem é que vai me deter?
E se eu sair por aí a gritar e espernear,
Alguém vai contestar?
E se eu enlouquecer,
Você virá me socorrer?

Respeite o meu momento
Ainda que fuja da sua compreensão
Pois ele é meu, somente meu,
Tão meu, que estou aqui, perdida nele.
E você, me desculpe,
É muito limitado para entender a minha imensidão.