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“Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..." (Clarice Lispector)

sábado, 30 de abril de 2011

Teus Olhos

Não é que sejas bonito,
Mas também não és feio.
Difícil dizer o que de fato prende,
Atrai, faz-me perder em ti.

Talvez sejam esses teus olhos
Profundos, intensos, multicoloridos
Que instigam, reprimem e invadem.
Instigam meu coração,
Reprimem minha intenção
E invadem todo o meu ser.

Esses teus olhos que por vezes te contradizem,
Roubam-me os sentidos e o juízo.
Dizes não me querer por perto,
Mas eles cintilam ao me ver
Eu sei disso, posso perceber.
Pois ao cintilar suas lindas cores,
Fazem-me esquecer de minhas tantas dores.

Esses teus olhos,
Que deveriam ser meus,
Parecem sempre analisar, estudar, criticar.
São inquietos e insatisfeitos por essência
Admiráveis, fascinantes...
Excitantes.

Já esses meus olhos,
São pobres de cores,
Mas ricos em luzes.
E aguardam, como um tesouro perdido,
A aproximação do arco-íris desses olhos teus.



terça-feira, 26 de abril de 2011

Ausência Presente




Vim esconder-me no meu refúgio particular. Aqui, o sol nasce mais cedo e ilumina por mais tempo. Vim procurar por luz e calor, porque lá onde vivo, a umidade das chuvas e a escuridão das noites têm me torturado com tamanho frio. Agora, fugi. Estou de férias. Férias da vida, de você e um pouco de mim.
Vim porque sinto a minha falta. Não me reconheço na tua presença, tampouco na tua ausência. Uso roupas que te agradariam, a maquiagem que te impressionaria, digo o que te envolveria. Mesmo sem estar fisicamente aqui, és mais presente em mim do que eu mesma.
Ainda que de olhos abertos, posso ver-te, sentir tuas mãos em minhas pernas, tua respiração nos meus cabelos e teus lábios nos meus. Esse corpo que se diz meu, há tempos não me pertence. Pois abre-se, doa-se, entrega-se à ti com tal fervor e urgência, que é surpreendente.
De alma despida e coração roubado, vim procurar por mim e ordenar a desordem dos meus pensamentos. Vim testemunhar que nem tudo são dores, que existem flores e que há sol por trás das nuvens.
É uma pena que eu precise voltar do meu refúgio e te encarar. Mas entenda, este coração que em nada te importa, e que guardas junto às tuas tralhas, me pertence. Pode parecer-te pequeno e frágil (e talvez ele realmente seja), mas é o seu pulsar que me garante a vida. Devolva-me, e prometo permitir que tu sigas em paz. Devolva-me, e prometo que seguirei, mesmo que sem a minha paz.

domingo, 17 de abril de 2011

Adultecer



Ela está a ponto de enlouquecer. Sempre estivera rodeada de bons amigos, mas onde estão eles? A deixaram desamparada em sua crise interior. Afinal, o tempo passou, ela cresceu e precisa agir como um adulto. Todos agora cobram uma atitude madura sua em relação à vida. Ela não consegue entender... Que maturidade é essa? De onde vem? Qual aparência tem? Como se desenvolve? Milhares de perguntas e sequer uma resposta!...
         Não, ela não é séria, responsável, nem tem uma carreira promissora. Relacionamento firme, também não tem. Às vezes, até sente a impressão de não estar construindo nada para o futuro. Aliás, outra pergunta a atormenta: É possível iniciar uma construção, sem ter o desenho final do projeto? Ela não sabe dizer.
         O que ela sabe é que está trilhando o seu caminho, dando um passo de cada vez, e parando esporadicamente para admirar a paisagem ao redor. Para onde está seguindo? Ela não faz ideia. Sua vista não alcança um destino, apenas o horizonte.
         A estrada havia sido suficiente para ela até ontem. Mas hoje, as cobranças gritam em sua cabeça. Como corresponder a tantas expectativas alheias? Como não decepcionar ninguém, nem a si mesma? Como levantar depois de cair? Como se machucar e nem xingar? Como se decepcionar e não chorar? Como sorrir pra quem a fez tropeçar? Como ser a mulher que esperam que ela seja?
         Ela precisa escolher seus amores e curar suas dores. Ela precisa arranjar um emprego que a sustente. Ela precisa esquecer os problemas alheios e focar nos seus. Ela precisa amar, ajudar, trabalhar, estudar, perdoar, cuidar, pagar... Ela precisa devorar a vida, ou então, será engolida.
         Tornar-se adulto deveria ser uma etapa, e não uma provação. Ninguém disse a ela que seria tão difícil. Pobre garota crescida, que adulteceu e nem percebeu. Está perdida no seu próprio caminho. Longe de seu próprio destino. Seguindo sozinha a sua trilha sem fim.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Verbo Temporal

"Faço loucuras e locuções
Sou imperativo
Em versos de tempos curtos
Me sujeito a ser teu
Seria eu imperfeito?
Não poderia sem verbo
Chamar-te de minha
Mesmo preterido
E ainda mais que, perdido
Não penso que errei

Daqui em diante serei
Passado, presente
Ainda que sem ti, escuro
Prefiro assim a subordinado
Digo sem frases, espero
Se não posso ter você ao meu lado
Para que conjugar o futuro."



Vinicius Salerno

terça-feira, 12 de abril de 2011

Não demore

"Não demore, a noite chega.
Livre-se dos sonhos, do apego.
Venha para o refúgio, sem medo.
E à surdina deite-se no aconchego.

Agora, deixemos o tempo.
Somamos um ao outro.
Pele, lábios e vento.
É chão é mar é sentimento.

E na desordem dos olhares,
No prazer dos suspiros
Façamos de conta que o mundo é real.

Para quando, enfim, terminar
Ainda restem momentos
Daquilo que uma vez foi inesquecível."


Rafael Salerno

domingo, 10 de abril de 2011

Cansaço


Ah, eu cansei!
Cansei dessa gente que se faz importar,
Mas não se importa.
Cansei da falsidade
E também da mediocridade.
Cansei da falta de graça com excesso de riso.
Cansei de quem parece cansar-se de mim.
Cansei do olhar meigo recheado de malícia.
Cansei dos abraços sugadores de energia.
Cansei das palavras que nada significam,
Da preocupação desnecessária,
E do carinho momentâneo.
Cansei de ouvir uma coisa,
Mas assistir outra.
Cansei.

Principalmente,
Cansei de quem não me enxerga, não me vê,
Não tenta me entender.
Cansei de ser subjulgada
Por quem não aceita a minha grandiosidade.

Meu ser é imenso.
Tenho defeitos, mas muitas qualidades.
Mereço mais do que me é oferecido
Por essa gente cheia de mentiras e vaidade.
Eu mereço ser feliz ao máximo
Feliz de verdade.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Coisa de Pele



É muito absurda a tal química de pele
Faz querer, enlouquecer
Inebria, confunde, vicia
E sempre culmina em explosões.
Quanto mais se prova,
Mais se deseja provar.

Pele é órgão traiçoeiro,
Tem vontade própria.
Segue o instinto e não ouve a razão.
Não ouse controlá-la
Ou ouse, se puder, se souber, se força tiver
Para arcar com as conseqüências.

Eu não posso, não sei, não consigo
Enfrentá-la ou inibi-la
Apenas permito-a
Respeito-a
Deixo-a livre para despertar minha face mais primitiva
E agradeço a explosão resultante de sua gratidão.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Porque te amo

"Essa é a desordem que amo!
A desordem que queima,
Que desequilibra,
Que sacode com as vontades!

Adoro tudo que faz me odiar!
Que rasga minha pele,
Inflama minha garganta,
E que me embrulha o estômago!

Quero, agora, sentir a amargura.
Aquela do desencontro.
Daquelas que azedam por dentro.

Subir pelas paredes, aflito.
Sem saber o simples motivo.
Adoro isso tudo! Só porque te amo."


Rafael Salerno

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Alerta Ciúme

Coisa maluca é essa de sentir ciúmes. Tornamo-nos reféns desse bicho doido, que parece ter vida própria. Ele implica, empurra, opina, reclama, agita... E nos faz ficar meio paranóicos. Quero dizer, meio que totalmente paranóicos.
É engraçado como cismamos com algumas pessoas. Basta o monstro que nos habita apontar um tal suspeito, e pronto. Surtamos. Não importa se a pessoa sequer sabe quem somos, ou se ela nunca deu indício de querer o nosso amado. Nada disso faz diferença. Afinal, se o que chamamos de sexto sentido deu sinal de alerta, é melhor ter cuidado para não ser enganado.
Gente já é estranha por natureza, quando está apaixonada, então, chega a ser medonha. Quem considera nobre e bonito apaixonar-se, nunca me viu sob o efeito da paixão. Fico enlouquecida, fora de mim. O chão e a gravidade deixam de existir, ao passo que, quanto mais alto é meu vôo, mais intensa e certeira é a minha visão. Visão, olfato, audição. Todos os meus sentidos parecem sempre querer provar alguma traição.
Esse estado de atenção permanente segue o rumo inverso da felicidade. Por uma porta entra o ciúme, pela outra, sai a tranquilidade. E, ainda assim, dou ouvido à esse monstro de garras afiadas, que tanto me arranha por dentro. Fazer o quê? Tenho muito ainda para crescer e aprender.
Não sou nenhuma psicopata, só não quero ser magoada. O problema é que o medo da dor, acaba machucando mais. Fere lenta e diariamente. E me impede de curtir o meu amor inteiramente.