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“Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..." (Clarice Lispector)

sábado, 24 de março de 2012

O Último Adeus

" Dizer adeus é uma das piores coisas do mundo. Mas existem momentos em que, embora não se queira dar adeus, não se tem escolha.



     Muitas vezes, a gente aposta tanto numa viagem, tira o passaporte, recebe o visto, faz tantos planos… Prepara as malas, separa as roupas, os sapatos… Separa a máquina fotográfica, se arruma, passa perfume, dá o melhor de si. Tudo por acreditar que a viagem será a melhor da sua vida, afinal, você esperou tanto por isso. Principalmente por estar ao lado de alguém que tenha os mesmo objetivos. Então, eis que chega o dia da viagem. 
Embarcamos os dois no barco, que deixou a costa numa tarde de primavera, onde, o pôr-do-sol mostrou-se como a maior maravilha da Terra. E fomos viajando, juntos, pelo oceano. Vezes tiveram em que surgiram nuvens negras no céu. Em outras, era o mar quem esteve revolto. Mas quando a tempestade realmente chegou, você não quis mais navegar comigo. Não aguentou a fúria das ondas e abandonou o navio. Lançou-se ao mar e deixou-me sozinha, afundando. E por mais que eu tentasse retirar toda a água que estava a engolir nosso barco, não era suficiente. Foi quando vi que além de me deixar sozinha, você ainda deixou toda a carga das lembranças e da saudade a bordo, o que estava ajudando, cada vez mais, a ir pro fundo. Pude ver, ao horizonte, que você salvara-se, ao alcançar um outro barco que estava passando. Só me restaram então duas opções: permanecer e afundar, ou, pular e tentar me salvar. Será o que farei: pularei ao mar, embora com toda a dor mas com esperança de chegar na costa. E mesmo que doa me despedir, é preciso fazê-lo. Adeus ao barco, aos planos, à viagem. Adeus ao que isso representava. Que a sua salvação tenha sido o melhor pra você, e que em seu novo barco, você tenha motivos para ficar. Que você encontre o que tanto procura. Quanto a mim, nunca mais nomearei marinheiro a quem não quiser navegar. "








Letícia Barros

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