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“Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..." (Clarice Lispector)

domingo, 28 de abril de 2013

Amor.


     Às vezes, tenho a impressão de que não caibo em mim. Essa falsa sensação de amplidão se dá pelo amor que não sabemos se temos, criamos, usamos ou libertamos. É sentimento demais pra pouca matéria. E sentimento forte, ardente, latente.

     É um desses amores ensandecidos que de tanto amar, fica doentio. Pulsa-me o órgão amador, corre-me o sangue quente e lateja-me o impulso de repetir incansavelmente um: “eu te amo!” gritado, quase que esbravejado, aos seres amados.

     Amor que ama sem medidas  parece até agressivo, à primeira vista. Mas é tão doce e suave quando compartilhado... Quanto o mais profundo dos amadores pode ser amado. Assusta aos desavisados, pois serve-se de uma força desconhecida, mesmo aos já íntimos ao amor. Reúne toda a estrutura que os tolos juram ter, bagunça e desedifica.

     Amor desenfreado é mais eficaz do que qualquer crença ou fé. Torna o elefante capaz de voar, a tartaruga capaz de correr e a águia capaz de nadar. Faz do cientista, um religioso; do filósofo, um calculista; e do engenheiro, um poeta. Realiza milagres a olhos nus e crus. Transforma demônios em santos e ateus no próprio Deus. 

    Amor, quando é amor de doer, não preenche, transborda. Amador, que nasceu para amar, não ama, abençoa. E amado, quando sabe o ser, não só recebe, mas também reflete.

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