Quem sou eu

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“Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..." (Clarice Lispector)

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Como Ostras

Preciso calar-me. Esta auto-exposição gratuita em nada me acrescenta, de nada serve. Mostro-me pelo simples prazer de ser analisada. Prazer estranho, sabotador, desprazeroso.
Desconheço a sensualidade do que é misterioso. Sou explícita, nítida, permito-me ser invadida. Minh’alma não é propriedade privada. É bem público. Quem chega vê, e basta querer para levar consigo um fragmento.
            O coração que dentro de mim bate, não é músculo, e sim, flor. Flor vermelha, pulsante e aberta. Flor meio que despedaçada, por ter tido muitas de suas pétalas furtadas. Mentira... A quem eu quero enganar? Minhas pétalas foram dadas. Impensadamente, me deixei ser desfalcada.
            Desenho-me em versos e prosas. Em estruturas diversas, palavras complexas e sentimentos inversos. Transponho para a sua visão a minha própria versão de mim.
            Preciso calar-me, já disse. Beleza só deslumbra ao ser descoberta. A obviedade é tão entediante. Busco na natureza a inspiração e o exemplo que necessito. Aprendi, assim, a admirar e invejar as ostras. Elas vivem fechadas e, esporadicamente, quando se abrem, surpreendem o mundo com lindas pérolas.



Um comentário:

  1. Celle, acho q esse é o seu texto mais maduro (até hoje). Parabéns!

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