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“Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..." (Clarice Lispector)

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Falta sua.


Sinto sua falta como uma parte desprendida de mim. Perdida, mas não esquecida. Sinto sua ausência quase tanto quanto sua presença e costumo enlaçar-me em meus braços, na tentativa de resgatar algum qualquer resquício perdido seu.
Mas você não me deixou nada. Nem um olhar, um cheiro, gosto ou lembrança que seja viva. Não me deixou o beijo inesquecível, nem nossa música preferida. Não deixou nada a que eu agora pudesse me apegar para não morrer na sua falta.    
O que você deixou fui eu. Numa nova versão do que costuma ser. Mais romântica, reclusa e menos acessível. Você me deixou esse incessante blues no coração. Não faço outra coisa além de te esperar, e vez em sempre, bate a dúvida se devo tentar te procurar. Insistem em dizer-me que é preciso não esperar, para que você apareça. Mas eu não conseguiria. Te espero enquanto te escrevo, e sinto que a cada palavra essa nossa distância encurta. E te chamo. E te busco. E te amo, mesmo sem te conhecer. Mesmo sem saber como nos viver.

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