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“Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..." (Clarice Lispector)

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Lembranças

Sonhei com você na noite passada. Não mais um dos meus sonhos malucos, dessa vez, foi absolutamente real. Bom, pelo menos, assim me pareceu. Você me abraçava, beijava a minha testa e dizia para deixarmos tudo o que aconteceu, lá no passado. Você dizia que superou o que quer que fosse, e que sente muito a minha falta.
Se eu não desejasse tanto consciente quanto inconscientemente que isso acontecesse, seria cômico. Mas não é. Acordei confusa, desorientada e cheia de saudade. Não de você, saudade da nossa antiga amizade, há muito tempo perdida. Saudade da cumplicidade, dos abraços protetores, das palavras de carinho,e  até das suas grosserias. Saudade de te ter por perto; de caminhar na praia conversando sobre tudo, ou sobre nada mesmo. Saudade das suas broncas, insistentemente me mandando estudar; das nossas (inúmeras) discussões e brigas; de você reclamando da minha mania de cheirar as pessoas. Ah, que saudade da sua indignação contra quem me machucava! Que saudade...
Você gostava tanto de mim... Como pôde me deixar daquela maneira? Eu nunca consegui entender. E é justamente isso que me entristece. Tenho certeza de que superestimei a importância que tinha na sua vida. Se você sentisse por mim o mesmo que eu sinto por você, nunca teria sumido.
            Já senti raiva e mágoa, mas agora acabou. Para ser sincera, nem sei dizer como me sinto exatamente. Se é que isso tem nome. Aliás, não sei se prefiro que você finja que eu não existo, ou que fale comigo como se eu fosse apenas uma conhecida... Que não fez a menos diferença.
As lembranças aparecem, a tristeza bate e a saudade transborda.
Passaram- se anos, e acho que a essa altura, talvez eu nem queira que você volte pra mim. Eu mudei bastante, você deve ter mudado também. De qualquer forma, não conseguiríamos ter a mesma relação de antes. O tempo passou, nós crescemos, nos perdemos, e a amizade prescreveu.





 
Mentiras 
(Adriana Calcanhotto)

Nada ficou no lugar
Eu quero quebrar essas xícaras
Eu vou enganar o Diabo
Eu quero acordar sua família
Eu vou escrever no seu muro
E violentar o seu rosto
Eu quero roubar no seu jogo
Eu já arranhei os seus discos

Que é pra ver se você volta
Que é pra ver se você vem
Que é pra ver se você olha pra mim

Nada ficou no lugar
Eu quero entregar suas mentiras
Eu vou invadir sua alma
Queria falar sua língua
Eu vou publicar seus segredos
Eu vou mergulhar sua guia
Eu vou derramar nos seus planos
O resto da minha alegria

Que é pra ver se você volta
Que é pra ver se você vem
Que é pra ver se você olha pra mim"






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