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“Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..." (Clarice Lispector)

segunda-feira, 30 de julho de 2012

SER


            Eu sei é que às vezes dói ser o que a gente é de verdade. Devia facilitar, eu acho. Mas dói. E eu também sei que grande parte dessa gente que circula solta pelas ruas não é o que é. É o que quer ser, o que pensa que deveria ser, ou qualquer outra coisa. Guarda o que é lá no fundo e finge sequer conhecer o que era pra ser. Joga poeira no que é e traz à tona a imagem que quer.
            Essa gente toda deve saber a dificuldade do que é ser o que se é. Não deve ter peito e alma abertos para enfrentar- se a si próprio. Exige coragem, força e doação. Talvez exija alguma inocência nesse conjunto. Ou ainda falta de inteligência. Porque, apesar de tão admirados os que são o que são, não são copiados, nem servem de inspiração.
            Por isso, digo para essa minha gente que é o que é: cuidem-se. Assumir-se diante do mundo, é pôr o coração nas mãos e oferecer praquela enorme gente que finge ser o que não é. É despir a alma e entregar-se ao desconhecido. Por vezes, machuca que sangra e corrói. Mas há de ter alguma recompensa. Há de sentir-se um amor inenarrável. Há de se viver, no sentido mais literal da palavra. Há de se transbordar a felicidade que não alcança quem se esconde por detrás daquilo que não é.

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