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“Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..." (Clarice Lispector)

domingo, 27 de fevereiro de 2011

A Última Poesia



Poesias são tristes.
Se não são,
Ao menos têm origem
Em momentos de tristeza profunda.
Poetas não são filósofos,
Tampouco românticos incuráveis e incompreendidos.
Poetas são pessoas infelizes,
Que usufruem dos momentos de auge de infelicidade
Para escrever palavras
Nas quais pessoas igualmente infelizes
Encontram suas almas há muito perdidas.
Poemas de felicidade e alegria
Não interessam, não se enquadram,
Não funcionam, não atraem.
Os bons e reconhecidos poetas
Estão sempre almejando o inatingível.
Estão sempre sonhando alto demais.
Estão sempre ocupados demais com os sonhos,
Para se preocuparem com a sua realidade obviamente mesquinha.
A realidade não serve,
Nunca é satisfatória.
O encanto de um poeta
Não está no que ele vive,
Nem no que realizou,
Mas nos seus sonhos e desejos
Que são certamente maiores do que ele mesmo.
Para ser um poeta,
Necessita- se de uma insatisfação incorrigível,
De uma amargura incalculável,
Precisa- se ter uma tristeza enraizada na alma.
Eu não quero ser poeta,
Nem gostar de poesia.
E, muito menos,
Carregar essa tristeza em mim.

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