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“Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..." (Clarice Lispector)

terça-feira, 26 de abril de 2011

Ausência Presente




Vim esconder-me no meu refúgio particular. Aqui, o sol nasce mais cedo e ilumina por mais tempo. Vim procurar por luz e calor, porque lá onde vivo, a umidade das chuvas e a escuridão das noites têm me torturado com tamanho frio. Agora, fugi. Estou de férias. Férias da vida, de você e um pouco de mim.
Vim porque sinto a minha falta. Não me reconheço na tua presença, tampouco na tua ausência. Uso roupas que te agradariam, a maquiagem que te impressionaria, digo o que te envolveria. Mesmo sem estar fisicamente aqui, és mais presente em mim do que eu mesma.
Ainda que de olhos abertos, posso ver-te, sentir tuas mãos em minhas pernas, tua respiração nos meus cabelos e teus lábios nos meus. Esse corpo que se diz meu, há tempos não me pertence. Pois abre-se, doa-se, entrega-se à ti com tal fervor e urgência, que é surpreendente.
De alma despida e coração roubado, vim procurar por mim e ordenar a desordem dos meus pensamentos. Vim testemunhar que nem tudo são dores, que existem flores e que há sol por trás das nuvens.
É uma pena que eu precise voltar do meu refúgio e te encarar. Mas entenda, este coração que em nada te importa, e que guardas junto às tuas tralhas, me pertence. Pode parecer-te pequeno e frágil (e talvez ele realmente seja), mas é o seu pulsar que me garante a vida. Devolva-me, e prometo permitir que tu sigas em paz. Devolva-me, e prometo que seguirei, mesmo que sem a minha paz.

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