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“Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..." (Clarice Lispector)

domingo, 13 de maio de 2012

Faxina




Então é isso. Acabou. Vivemos o que tínhamos para viver, e você passou. Não me olhe assim, com esse quê de culpa, nem pena. Estou bem. Sinto- me até mais leve, juro. Você me pesava as costas, às vezes. Mas agora tudo mudou. Escolhemos. Definimos. Desfizemo- nos.
Vou levantar, fazer uma faxina bem feita na alma e reaprender a sorrir. Expurgar tudo o que um dia me fez infeliz. Atirar pela janela dos olhos, em forma de cascata de lágrimas, cada resquício de você. Retirar a velha poeira escondida embaixo do tapete sentimental. Limpar cautelosamente cada delicadeza em mim que ameaçava romper.
Depois de bem cuidada, minha morada estará aberta a novas visitas. E eu estarei enfim disposta ao novo, porque andava demasiado ocupada em esvaziar- me de você. Limpei, encerei, serenei. E que venha o futuro, porque o passado eu já abandonei.

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